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29/09/2015

Eu escolhi Oceanografia

A Thais tem 19 anos e está no quarto semestre de 10 do curso de Oceanografia na Universidade Federal de Santa Catarina. Pra ela, as matérias mais difíceis são cálculo e física, porque apesar de ter escolhido um curso de exatas, ela tem bastante dificuldade no assunto. Nunca fez estágios, mas trabalha como voluntária na R3 animal, uma ONG que resgata, reabilita e reintroduz animais silvestres ao seu habitat.
As matérias
As matérias que a Thais mais gosta são as dos setores de biologia e geologia, mas ela acha superinteressante o fato de que a Oceanografia lida com diversas áreas de conhecimento, tanto que, além dessas, ela ainda tem física e química. Os temas de cálculo são os que ela menos gosta, pois são pouquíssimos os professores que aplicam os conhecimentos na prática e mostram onde eles serão exigidos na profissão.

Até a quarta fase as matérias não são muito difíceis (exceto cálculo), mas a faculdade em si é muito “puxada”. A Thais conta que às vezes precisa ser um pouco auto didata, seja porque os professores não sabem explicar muito bem ou porque eles querem que você tenha o hábito de pesquisar.

O mais legal
O curso de Oceanografia mudou o jeito como a Thais observava os ambientes e isso foi o que ela mais gostou de aprender. “Agora eu vou à praia e consigo identificar algumas espécies de algas, sei porque existem determinadas marcas na areia, sei da importância que cada ser vivo tem para o equilíbrio do ambiente, sei da importância de uma duna, que parece tão banal – ela tem uma razão pra estar lá, exatamente naquele lugar! A teoria mais bem aceita da origem da vida - não deixando a fé de lado, mas olhando com os olhos da ciência - é que ela veio dos oceanos, então o que me encanta na Oceanografia é que eu descubro como tudo está ligado, como cada pequena coisa tem sua função e seu porquê de existir. Os oceanos são quase como outros planetas, existem muitas coisas para descobrir e muitos danos causados pelos homens para minimizar!”, conta.

Estágios e mercado de trabalho
Os estágios de Oceanografia acontecem em sua maioria na área acadêmica, realizando pesquisas, porém são difíceis de conseguir. A atual turma da Thais tem cerca de 20 alunos, mas apenas cinco fazem estágio e só um é remunerado. Já o mercado de trabalho é bem amplo e conta com empregos nas áreas de gerenciamento de recursos naturais, limnologia, modelagem e previsões climáticas, modelagem oceânica, geoprocessamento oceânico, preservação ambiental, pequisa (biológica, física, geológica, química), consultoria ambiental, gestão costeira, em companhias do setor do petróleo e pesca e na Marinha.

Julgamento
A maioria das pessoas não sabe o que é o curso de Oceanografia, então elas não julgam, apenas perguntam o que um oceanógrafo faz e onde ele trabalha. Tanto que a própria turma da Thais canta nos jogos da faculdade: “Oceanografia, eu nem sabia que essa porr* existia” – é uma “auto-zuera”, segundo ela.

A única coisa que deixa os estudantes de Oceanografia ofendidos é ouvir que eles só estudam os peixinhos. “Isso nos deixa muito bravos, porque a gente se mata estudando cálculo, correntes, os tipos de rochas, gestão costeira, enfim, muita coisa! Não só peixinhos!”, explica.


Saídas de Campo
As saídas de campo são uma característica do curso. Porém, às vezes o dinheiro para fazê-las precisa sair do próprio bolso do aluno, visto que houve cortes na educação e o curso de Oceanografia na UFSC vendo sendo tratado com bastante descaso.

Nos embarques, os alunos têm contato com equipamentos como a draga, CTD e rede de amostragem. Em uma das saídas de campo, a turma foi parando em vários pontos e medindo o ph da água, a temperatura, a profundidade, a pressão, e recolhendo sedimentos do fundo do mar. Em outra, fizeram uma trilha para entender os tipos de rocha. Na matéria de Zoologia, foram à praia ver a vida marinha do Costão Rochoso, na matéria de Geologia II, foram parando na estrada e desenhando como eram as formações rochosas, as falhas geológicas e observando icnofósseis encontrados no caminho, em Sedimentologia Marinha, foram à uma praia estudar as marcas na areia. Atualmente, estão com duas saídas de campo programadas, uma na matéria de Necton, para mergulhar e observar o comportamento dos peixes, e outra em Botânica, para estudar as espécies de algas.

Pré-requisito
Não existe um pré-requisito para o curso, mas é importante que você tenha uma boa relação com o meio-ambiente e com o mar. Saber inglês é algo fundamental, pois os melhores livros e artigos disponibilizados pelos professores são em inglês. Caso não seja muito bom em exatas, precisa pelo menos ter força de vontade pra aprender! E isso significa abrir mão de muitos momentos de lazer pra passar tardes estudando.

Para se formar é necessário ter 100 horas de embarque. Se você tem problemas com enjoo, os professores alertam que é completamente normal e não existe mal algum em tomar um remedinho! Isso não deve ser impedimento para quem não se sente confortável navegando. Porém, na UFSC, esse assunto é um problema! Pois é raro quando Universidade disponibiliza embarques. Há pessoas que acabam as matérias mas não conseguem preencher as horas necessárias para poder se formar.

O curso de Oceanografia na UFSC
A Thais contou que teve uma professora de Geometria Analítica que não sabia o que era Oceanografia, ela estava ali simplesmente pra dar a aula dela e pronto! Também teve um professor de Física que ficou até a metade do semestre achando que estava dando aula pra Engenharia de Aquicultura, quando descobriu que era Oceanografia, fez uma prova com uma questão onde o aluno tinha que descobrir a força com que um homem estava puxando um pinguim num zoológico. Oi? “Seria tão mais interessante se aplicassem os conhecimentos na prática de verdade! Eu gostaria muito de ter mais professores oceanógrafos, pois só tive dois até agora e são eles que sabem aplicar a teoria na prática.” 

Alguém aí ficou com vontade de ser oceanógrafo?
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